sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Repensando o currículo nas instituições educativas

Ata de Reunião da Comissão de Acompanhamento do Concurso Públic

Um dos grandes entraves presentes nas discussões sobre Currículo, principalmente entre professores, é que muitos consideram que este é um assunto meramente administrativo, portanto, compete à administração e, quando muito, à supervisão encaminhar tal trabalho. Mas pensar assim compromete sobremaneira o avanço das discussões e por conseguinte do conhecimento sobre as reais implicações que transitam em torno do currículo, gerando a compreensão equivocada de que currículo significa grade curricular.
Pensar os percursos da educação implica, necessariamente, considerar as trajetórias do currículo. Para entender melhor esses caminhos foram criadas as Teorias do Currículo. As primeiras a surgirem foram as Teorias Tradicionais, que tiveram sua origem na década de 1920 nos EUA, tendo em Bobbit e depois em Tyler seus principais representantes. Ambos empreenderam ao currículo um caráter meramente técnico e inteiramente voltado para a organização. A divisão tradicional das atividades educativas nas formas de currículo, ensino, instrução e avaliação é decorrente dessas teorias. O enfoque central das Teorias Tradicionais era o “como fazer o currículo”.
Já as Teorias Críticas emergem na década de 1960 num período tumultuado e repleto de acontecimentos marcantes que influíram diretamente no currículo. Esse conjunto de teorias busca compreender “o que o currículo faz”. E nessa busca aparecem diversos movimentos de grande importância. Alguns com teorizações mais gerais, outros com pressupostos mais específicos da educação e do currículo. Nesse contexto, o “Currículo Oculto” merece destaque devido a sua importância, especialmente no início de formação das Teorias Críticas. Ele diz respeito à distribuição implícita de normas, valores e tendências que se consolidam na vida dos alunos devido às rotinas institucionais das escolas feita dia após dia, durante anos. Nas teorias críticas não se negam as relações de poder, mas tais relações ocorrem de maneira centralizada. Essas teorias desconfiam, questionam e defendem a transformação radical.
As Teorias Pós-críticas do currículo surgem, também, na década de 1960, mas sua visibilidade no país é recente. Elas apontam para o momento no qual nos encontramos. Destacam os novos traçados que perpassam a cultura, a identidade e o poder (descentralizado). Essas teorias questionam “o currículo para quem”. A noção de construção social perpassa os Estudos Culturais das Teorias Pós-críticas.
O que separa as terias tradicionais das teorias críticas e pós-críticas é a questão do poder. As teorias tradicionais mostram-se neutras e desinteressadas. Em contrapartida, as teorias críticas e pós-críticas argumentam que nenhuma teoria é neutra ou desinteressada; ela está mesmo é implicada em relações de poder.
Dessa maneira, o processo ensino-aprendizagem passa a ser ancorado na realidade sócio-cultural dos educandos, para que ocorra uma aprendizagem verdadeiramente significativa, em oposição à aprendizagem mecânica e efêmera.
No que diz respeito aos Componentes Curriculares (O que... Quando... e Como ensinar e avaliar), é necessário que conheçamos primeiramente um pouco de suas estruturas conceituais para daí então estabelecer um diálogo com a prática pedagógica levada a termo neste trabalho. O que ensinar ou a concretização das intenções educativas pressupõe a realização de seleções e como elas serão concretizadas no cotidiano pedagógico. Daí decorre a necessidade de uma formulação adequada, ancorada na realidade, para orientar a ação docente. Uma vez selecionadas as intenções educacionais e definida a forma para encaminhar as ações pedagógicas é necessário organizá-las e seqüenciá-las em um tempo o mais adequado possível para que sejam atingidas. Ao mesmo tempo, é preciso prever uma avaliação que possibilite averiguar se a ação pedagógica é condizente com as intenções desejadas.
O grande nó ou encruzilhada que encontramos nos currículos é passar das intenções educativas à concretização dos objetivos educacionais, tendo uma prática pedagógica suficientemente eficaz para guiar de maneira coerente e adequada, as intenções educativas. Portanto, para organizar as intenções educacionais tendo como base “quando ensinar” é fundamental que a escola reformule seu tempo, o que implica diretamente a reformulação do tempo no currículo. É preciso prever tempo para pensar individual e coletivamente sobre o tempo escolar em seus múltiplos aspectos, entre eles o tempo do conhecimento dos (as) alunos (as), como também o tempo para o professor, de modo que possibilite organizar clara e coerentemente as intenções educacionais.
A maneira como se ensina pode fazer toda a diferença na concretização das intenções educativas. Não resta dúvida de que esta é uma questão emblemática dentro do currículo e que se reflete na escola como um todo. Percebo na escola onde trabalho que há alguns os professores que se angustiam diante da questão “como fazer” que pressupõe o uso de metodologias. Operacionalizar o “como ensinar” na perspectiva de saber ensinar, requer um trabalho que envolve preparação, responsabilidade, seriedade e compromisso. “É algo que se define pelo engajamento do educador com a causa democrática e se expressa pelo seu desejo de instrumentalizar política e tecnicamente o seu aluno, ajudando-o a construir-se como sujeito social” (MOYSÉS, 2001:14).
Com relação ao componente avaliação, o mesmo pode ser considerado como uma possibilidade de mobilidade social. Avaliar, assim, é uma atividade intrínseca e indissociável a qualquer tipo de ação que vise a provocar mudanças. Cabe, a nós professores, debruçar e dirigir um olhar reflexivo sobre a avaliação e sobre seu significado enquanto atividade humana intencional. O trabalho com a avaliação em aula não é isolado ao passo que está ligado diretamente a uma intenção/objetivo que perpassa o projeto político-pedagógico, aos objetivos de ensino e da aprendizagem e a perspectiva de formação de sujeitos com potencial para problematizar o real, vivê-lo e (re) criá-lo.
Assim, o que devemos avaliar? Tudo o que acontece no contexto pedagógico, inclusive o trabalho do professor. E quando avaliar? Em todos os momentos, pois a avaliação deve ser permanente e processual. E como avaliar? Não há receitas prontas, mas é preciso comprometimento e a revisão de posturas para um (re) direcionamento da prática.
Como vemos, após esclarecermos algumas proposições conceituais acerca dos componentes curriculares, far-se-á, agora, o intercruzamento desses conceitos com a prática pedagógica da instituição na qual atuo. É possível perceber na escola em questão que a organização dos componentes curriculares vem sendo mais debatida. Parece que nos encontramos visivelmente em um tempo de mudanças.
Não ao acaso, nos deparamos com novas referências a orientar o pensamento dos educadores, bem como suas posturas e práticas. Vários professores da escola levada a termo procuram mobilizar ações e planejar sua prática educativa com vistas a passar das intenções educativas e concretizá-las. E pelo visto estão conseguindo. Isso pode ser visto no estudo recente divulgado pelo MEC, o qual coloca Santa Catarina como o estado com os melhores índices educacionais no Ensino Médio e entre os primeiros no Ensino Fundamental.
É claro que muito ainda precisa ser feito, mas vemos experimentos inovadores surgindo à nossa frente que estão dando certo. Como nos diria Rubem Alves “Que pipoquem experimentos”. Tal realidade tem feito muitos professores deixarem a zona de acomodação e se lançarem na pesquisa em busca de novas possibilidades para o processo ensino-aprendizagem, provocando a reorganização dos diferentes saberes e fazeres pedagógicas que envolvem o ato educacional. As constantes avaliações, inclusive as impostas recentemente pelo ministro da educação (com cobrança de resultados), visa a um acompanhamento mais sistemático do vem sendo feito pela educação no país.
Vale dizer que entre os principais desafios e perspectivas no campo do currículo hoje, encontra-se a necessidade de repensar a escola e o seu sentido, assim como o professor e a sua prática pedagógica. Superar modelos arcaicos, transpondo obstáculos como a falta de participação, de consideração para com a cultura do coletivo escolar faz parte do conjunto de desafios a serem enfrentados. Entender o currículo como proposta feita de percursos que se entrecruzam é tarefa para todos e para bastante tempo. Mas a medida desse tempo também pode ser determinada pelas nossas iniciativas.
(Fabrício Sprícigo)



A educação ambiental na Contemporaneidade

    A palavra ambiental nos remete a idéia de tudo àquilo que envolve os seres e as coisas, tanto natural como antrópico, onde ocorrem as relações entre estes e o meio bio-físico-químico. Apesar de ser recordada constantemente como uma prioridade, necessidade social e constitucional, instrumental de conscientização e compreensão das atitudes individuais, à educação, sob o novo aspecto da educação ambiental, são atribuídas funções que muitas vezes escapam dos limites reais de suas possibilidades efetivas.
    A atual estrutura antropocêntrica gera nas pessoas o imediatismo, que leva os indivíduos a preocuparem-se apenas com o atendimento das necessidades presentes, ao consumo do belo, bonito, do descartável, levando-os após a satisfação dos desejos à preocupação única de afastar àquilo que lhes prejudica para longe de seus olhos.
    Para ZULAUF (1993), A Educação Ambiental que se debate não é apenas a forma, mas também o processo de administração e acompanhamento, reflexão e avaliação dos movimentos sociais que atuam no processo da vontade social, pois ela é precursora da vontade política, na determinação de instrumentos de meios de preservação do Meio Ambiente.
    A PCSC inclui a Educação Ambiental nos programas de ensino de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, não como uma disciplina específica, mas como conteúdos que perpassarão todas as disciplinas. A educação ambiental é apontada de forma interdisciplinar, de modo que cada disciplina do currículo tenha uma “contribuição a dar no processo de compreensão dos problemas ambientais, sob seus diferentes pontos de vista” (1998, p.54).
     A educação ambiental se coloca, então, como um caminho para a discussão e para a tematização dos valores que envolvem as relações do ser humano com a natureza e que precisam emergir como uma nova ordem mundial.
    GRÜN (1993), sugere que parte da tarefa da Educação Ambiental se destina a levantar novos valores ou a recuperar determinados valores sufocados pelo pensamento científico moderno. De qualquer forma, a construção de valores que respeitem a vida e de aproximação homem-natureza, ou uma ética biocêntrica (cf. Leis, 1996), não pode deixar de estar presente numa proposta de escola inclusiva e democrática sob pena de transgredir princípios já consensuais.


(Fabrício Sprícigo)

História de vida: uma construção feita por escolhas.

História de vida - uma construção feita por escolhas

    
    Ao longo da vida, passamos por uma série de eventos que caracterizam e configuram a nossa existência. Por estar ciente desse processo, em suas dimensões histórica, psicológica, social e cultural remeto-me a alguns momentos significativos ao longo de minha trajetória de vida que ficaram registrados até hoje em minhas memórias (lembranças). É importante dizer que não acredito em lembranças puras, visto que o passado é relido de acordo com as experiências vividas no momento presente.
     Após a conclusão do Ensino médio, interessei-me em investigar a condição humana na Modernidade. Constatei, com a leitura de bons livros  que, entender como se processa, no aparelho psíquico, os pensamentos e as emoções desencadeadas por eles, é fator importantíssimo para o desenvolvimento humano, visto que somos indivíduos, com histórias de vida específicas e com visões de mundo diferenciadas, decorrente da construção social dos pensamentos, fundamentando personalidades únicas. 
    Muitas são as pessoas que passam pela nossa vida e que, depois de alguns anos, vamos perdendo o contato. Os motivos podem ser variados: mudança de bairro, cidade, Estado, anseios diferentes, entre outros. São pessoas que cruzam nossa história e em algum momento deixam de fazer parte do cotidiano, mas ficarão para sempre guardadas em um cantinho especial de nossas lembranças. São pessoas, que vêm e vão, em todos os momentos. Com as mudanças inevitáveis da vida, temos a oportunidade de conhecer outras pessoas, cultivar novas amizades e trilhar por outros caminhos.
    Acredito que a vida é feita de escolhas. Na medida do possível somos autores e co-responsáveis por boa parte de nossas vivências. Nesta perspectiva, o caminho trilhado por nós, no ciclo de nossa existência, está diretamente relacionado com nossas escolhas. Elas vão determinar o nosso convívio social, o grupo de amigos, as experiências e o nosso projeto de vida.



   
(Fabrício Sprícigo)















A Modernização e a construção da invisibilidade feminina

        Perceber o processo de modernização implementado no Brasil nos séculos XIX e XX como mecanismo que conferiu invisibilidade a muitos atores/atrizes sociais é de fundamental importância. Fazer com que os indivíduos percebam, que o discurso proferido com o advento da modernidade excluía da vida social, muitos sujeitos sociais contribui para trazermos à tona novas perspectivas históricas, diferente daquelas abordadas pela maioria dos livros didáticos.
        Nessa perspectiva, é relevante perceber que os referenciais culturais das mulheres foram reduzidos, ao longo da história, na representação de que o feminino está ligado “naturalmente” às funções ligadas ao cuidado da casa, do marido, dos filhos. Dessa forma, ficou pré-estabelecido que às mulheres cabe apenas desempenhar funções que se enquadram nesse perfil, ou seja, em profissões tipicamente femininas. Tal imagem é ensinada e reforçada quando atribuímos ações e comportamentos típicos às meninas e aos meninos.
    Definem-se, nesse contexto, ações e discriminações relacionadas ao gênero, as quais foram construídas ao longo do processo histórico e reforçados com o discurso masculino dos intelectuais modernistas. Desse modo, são estabelecidos estereótipos que perpetuam ainda mais a exclusão de muitos atores e atrizes sociais tão importantes para a construção do Brasil.
        É preciso abordar tal realidade com o intuito de romper com preconceitos existentes em relação à figura feminina. O processo de modernização implementado no país por médicos, advogados, arquitetos, intensificou ainda mais para a invisibilidade feminina. Assim, relacionar o conceito de modernidade com o processo de exclusão feminina, fornecerá elementos capazes de olhar com nova roupagem os fatos históricos e os preconceitos existentes.

(Fabrício Sprícigo)

o universo familiar nos diferentes tempos históricos.

- Trabalhando com o tempo:
A família é unidade básica da sociedade formada por indivíduos com ancestrais em comum ou ligados por laços afetivos. O conceito de "família" tem evoluído ao longo dos tempos, quer nas suas funções enquanto sistema quer nas funções de cada elemento que a compõe. A família tem sofrido transformações que ocorrem devido às mudanças sócio-culturais e tecnológicas cujas variáveis ambientais, sociais, econômicas, culturais, políticas e/ou religiosas têm vindo a determinar as distintas estruturas e composições da família.
O conceito de família não é tão fácil de caracterizar. Tal fato surge por a família ser a instituição mais antiga e primordial e também por a sua forma de estruturação ser determinada pelos aspectos culturais e pelas hierarquias axiológicas de cada sociedade. Existe cada vez mais um distanciamento do conceito tradicional de família, sendo que a família tradicional apresentava-se com uma imagem de “grupo instrumental, mobilizado para a sobrevivência de um grupo mais numeroso e fortemente orientado pela lógica da transmissão de herança” (LEANDRO, 2003; p. 64), garantindo deste modo, a sua continuidade; enquanto que a família dos nossos dias se apresenta através de uma valorização da vida emocional e afetiva; no entanto, “historicamente, (...), a família dispõe de um modo de funcionamento ímpar – o amor – algo que não se adquire nas prateleiras de qualquer super ou hipermercado e/ou centro comercial, mas supõe, idealmente, a gratuidade e a incondicionalidade” (Idem; p. 66).
A família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas, econômicas e sócio-culturais do contexto em que se encontram inseridas. Esta é um espaço sócio-cultural que deve ser continuamente renovado e reconstruído; o conceito de próximo encontra-se realizado mais que em outro espaço social qualquer, e deve ser visto como um espaço político de natureza criativa e inspiradora.
Assim, a família deverá ser encarada como um todo que integra contextos mais vastos como a comunidade em que se insere. Nesse sentido, o tema família juntamente com o conceito de diferença, seja cultural ou histórica, requer um olhar atento afim de refletir sobre a  formação histórica e entender e respeitar as diferenças existentes entre as formas de representação e organização familiar. É um tema de total relevância para ser problematizado no contexto social, com vistas à superação de intolerâncias e desrespeito por outros modelos familiares.
(Fabrício Sprícigo)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Das Vantagens de Ser Bobo - Clarice Lispector


O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

domingo, 11 de outubro de 2009

LSD E A ARTE PSICODÉLICA

Esta semana meu filho teve uma palestra na escola, sobre os males das drogas.

Desnecessário dizer a que a palestra falou de LSD, e que foi mencionada a canção Lucy in The Sky with Diamonds de John Lennon gravada pelos Beatles em 1967.
Na época foi amplamente divulgado que, pelas iniciais, a música era uma referencia ao LSD.
Lennon foi a público explicar que se inspirara em um desenho que seu filho Julian, então uma criança, fizera de uma coleguinha chamada Lucy.
Blah, blah, blah...

O LSD foi sintetizado em 1938 pelo cientista Albert Hofmann, depois foi introduzido como medicamento pelo laboratório Sandoz e usado em casos psiquiátricos durante a década de quarenta.
A substância tem uma enorme capacidade de alterar a mente e o sentido de percepção.
Seus efeitos alucinógenos provocam visões e imagens distorcidas em cores fulgurantes.
Os americanos pensaram em usar a droga como arma.
A intenção era jogar LSD nos reservatórios de água de cidades inimigas, deixando os adversários “mucho locos”.
Não dá para segurar a risada só de imaginar...

Em 1964, um professor em Harvard, Dr. Timothy Leary obteve permissão para dar LSD a 100 alunos – alguns dizem que foram 400 alunos...
Mais de 80% manifestaram desejo de repetir a “experiência científica”, e Dr. Leary, um sujeito dadivoso, saiu distribuindo LSD a todos e acabou expulso.
Leary foi preso, escreveu livros sobre suas experiências, e de forma equivocada, se tornou um “guru” do movimento que foi chamado de psicodelismo.
Timothy Leary cunhou a expressão que virou frase de ordem entre seus adeptos:

“Tune in, tune out, drop in, drop out”.

Traduzindo de forma coloquial, pois a frase original é rica em ambigüidade:

“Se liga, se desliga, entra nessa, saia dessa”.

Como o LSD não era proibido, muito artistas fizeram uso do alucinógeno em novas expressões de arte, tanto gráfica, como literatura e música.
Isto aconteceu principalmente nas comunidades hippies baseadas no distrito de Haight-Ashbury em San Francisco.
Haight-Ashbury tornou-se Meca para os ideais hippies e rapidamente foi invadida por jovens de todas as partes dos Estados Unidos em busca do “amor livre” e da vida comunitária.
Pintores, escritores, músicos, dividiam o teto, a comida, o sexo e muito LSD.
O ápice se deu em 1967, no chamado “Summer of Love”.

Bandas se reuniram em San Francisco criando o que viria a ser chamado de o som da Costa Oeste.
Grateful Dead, Jefferson Airplane, e vinda do Texas, o Big Brother & the Holding Company com Janis Joplin nos vocais.
Os empresários Chet Helms e Bill Graham começaram a produzir shows de rock, palestras, leituras de livros e poesia.
Para promover os shows, Bill Graham e Chet Helms pagaram (muito mal) jovens artistas gráficos que criavam posters, cartões postais e filipetas anunciando os eventos.

Nascia a arte gráfica psicodélica.
Logo o estilo ultrapassou as fronteiras da Califórnia, se espalhou pelos Estados Unidos e chegou a outros países.

E o LSD?
Bem... A substância foi proibida nos Estados Unidos em 1967.

O mal do LSD?
A droga não cria dependência, porém o LSD pode disparar surtos psicóticos em indivíduos neurologicamente pré-dispostos, levando a depressões e suicídios.
A droga causa “flashbacks”, isto é, mesmo depois do efeito ter passado, novas sensações podem ocorrer aleatoriamente.

Haight-Ashbury entrou em total decadência, tornando-se um antro de traficantes, viciados e sem-tetos.
Hoje vive de turismo e saudosismo daquele período de loucura e ilusão.

Eu montei e acabei de postar um álbum só de posters psicodélicos, chamado “A Arte Psicodélica e o Rock”.
Espero que vocês gostem...

E estou ouvindo Pink Floyd...
Estou ouvindo mesmo?
Ou seria um “flashback”?
Oops...

Louvado Seja Deus...
Ih... Olha as iniciais aí outra vez...

Miguel Aranega (Mick Wilbury)

sábado, 10 de outubro de 2009

Protagonistas da história

 Irmandades secretas nem sempre são grupos voltados apenas para dentro deles mesmos. Algumas delas estão por trás de acontecimentos que alteraram o destino da humanidade.


EXPANSÃO DA IGREJA CATÓLICA

Quando: Século 16
Quem: Companhia de Jesus
Muito antes do Opus Dei, outro grupo da Igreja Romana já tinha escrito um capítulo na história das sociedades secretas: os jesuítas. A Companhia de Jesus, como é chamada até hoje, foi fundada em 1534 por 6 estudantes da Universidade de Paris. O líder era Inácio de Loyola, canonizado em 1622. Foi ele quem redigiu a constituição da companhia, disciplinando e organizando aquela que se transformaria numa das maiores ordens religiosas da história.
Íntimos do poder – responsáveis até pela educação de reis e rainhas –, os jesuítas estiveram na linha de frente de um dos grandes movimentos de expansão do catolicismo: a evangelização do Extremo Oriente, da África e das Américas no século 16. Até ser extinta pelo papa Clemente 14, em 1773, a ordem já teria arrebanhado milhões de novos adeptos. Em 1814, a Companhia de Jesus foi restaurada por decreto do sumo pontífice Pio 7º.

REVOLUÇÃO E INDEPENDÊNCIA

Quando: Séculos 18 e 19
Quem: Maçonaria
Na Revolução Americana, em 1776, a maçonaria foi decisiva. Dos 5 homens que redigiram a declaração de independência em relação ao Império Britânico, dois eram maçons: Benjamim Franklin e Robert Livingston. O documento, depois de redigido, foi submetido ao Congresso americano, que também tinha vários integrantes da maçonaria entre seus membros. O mais famoso era George Washington – que, mais tarde, seria eleito o primeiro presidente dos EUA.
Apenas 13 anos depois, em 1789, maçons estariam envolvidos em mais uma revolução, a francesa – embora não existam provas de que eles tenham desempenhado papéis tão relevantes quanto nos EUA. E finalmente, em 1822, a sociedade secreta também deixaria suas marcas na independência do Brasil. Até dom Pedro 1º pertencia à maçonaria, além de José Bonifácio e outros personagens importantes no processo de emancipação do Brasil (leia mais na pág. 16).

ATAQUES DO 11 DE SETEMBRO

Quando: 2001
Quem: Al Qaeda
Depois dos atentados terroristas do 11 de Setembro, o mundo nunca mais foi o mesmo. Assumidos por uma sociedade secreta, a Al Qaeda, eles marcaram o início de um ciclo de violência que está em curso até hoje. A vida de milhões de pessoas foi afetada pelos desdobramentos, de pastores de cabra no Afeganistão a fundamentalistas no Iraque; dos mortos e feridos em atentados posteriores, como os de Bali (2002), Madri (2004) e Londres (2005), a você, que agora sofre horrores para tirar um simples visto de entrada nos EUA.
O choque de dois aviões seqüestrados pela Al Qaeda contra as Torres Gêmeas rendeu algumas das imagens mais assustadoras e dramáticas da história. Somadas as vítimas de Nova York, da aeronave lançada contra o Pentágono e do avião que caiu na Pensilvânia, mais de 3 mil pessoas morreram – o pior ataque já sofrido pelos americanos dentro de suas próprias fronteiras.

ELEIÇÃO DO PAPA BENTO 16

Quando: 2005
Quem: Opus Dei
Ultraconservadora e secreta, habituada a trabalhar nos bastidores da Igreja Católica. É assim que muitos especialistas resumem o Opus Dei, uma organização religiosa fundada pelo espanhol Josemaría Escrivá em 1928. Hoje, ela tem integrantes ocupando cadeiras em vários Parlamentos e postos importantes em mais de 470 universidades, 600 jornais e 50 cadeias de rádio e TV, nos 5 continentes. Tornou-se tão poderosa que sua influência dentro do Vaticano foi determinante na eleição do papa Bento 16 – outro baluarte do conservadorismo.
O processo de canonização extraordinariamente rápido de Escrivá é apontado como um dos indicadores do poder exercido pelo Opus Dei. O fundador do grupo virou santo em 2002, apenas 27 anos depois de sua morte. Compare esse caso com a canonização do paulista Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. Ele morreu em 1822 e só foi santificado pelo Vaticano 185 anos mais tarde, em 2007.



Sociedades secretas: segredo é poder


Sociedades secretas sempre existiram, desde o passado mais remoto. E continuam por aí: no Congresso, na igreja ou na mesquita, na direção de grandes empresas, no crime organizado... Elas estão em toda parte.

por Texto Valmir Júnior e Mauricio Manuel
Em setembro de 2008, 3 atentados à bomba reivindicados pelo grupo separatista Pátria Basca e Liberdade (ETA) deixaram 1 policial morto e pelo menos 11 feridos no norte da Espanha. Eis aqui um exemplo de como uma sociedade secreta, quando resolve sair das sombras, é capaz de interferir na vida de pessoas comuns. Quer outro? Voltemos, então, um pouco mais no passado, até o início do século 20. Na Alemanha das décadas de 1910 a 1920, um bando de doidos varridos decidiu fundar uma sociedade chamada Thule. Para muitos historiadores, ela pode ser considerada a precursora do nazismo, que levaria os alemães a escrever uma das páginas mais vergonhosas da história da humanidade.
Se continuarmos no túnel do tempo, encontraremos mais uma infinidade de sociedades secretas. Durante as cruzadas, na Idade Média, lá estavam os templários. Bem antes deles, na Roma antiga, seitas dionisíacas já se reuniam clandestinamente para adorar o deus Baco – com esbórnias que não tardariam a ficar conhecidas como bacanais. Na Mesopotâmia, apenas sacerdotes eram admitidos no interior dos templos, durante reuniões em que o destino de uma civilização inteira poderia ser traçado. E mais ou menos a mesma coisa acontecia no Egito dos faraós – considerados líderes divinos, eles eram iniciados nos mistérios do deus Osíris com uma cerimônia privada assim que assumiam o trono.
Moral dessa viagem de volta ao passado: sociedades secretas acompanham a história do homem, talvez desde que ele inventou a civilização. Como os integrantes dessas organizações freqüentemente são poderosos, no sentido político, militar ou econômico do termo, é natural que muitos desses grupos tenham se envolvido – e até protagonizado – momentos decisivos da humanidade. A maçonaria, por exemplo: ela esteve envolvida até o pescoço com a independência dos EUA (1766), do Brasil (1822) e de mais um punhado de países do continente americano.

PARA TODOS

Sociedades secretas existem muitas, sempre existiram. E são as mais variadas também. Tem organização política, religiosa, científica, filosófica, mística, filantrópica, satânica... A lista vai embora, incluindo até grupos terroristas. Ora bolas, por que não classificá-los como sociedade secreta? Pense na Al Qaeda, de Osama bin Laden, por exemplo. Ninguém sabe direito quem são seus integrantes. Um deles pode estar sentado ao seu lado neste momento e você nem desconfia. O mesmo raciocínio vale para o crime organizado. Como não chamar de secreta uma máfia italiana ou japonesa? Elas são clandestinas, mantêm tradições e rituais misteriosos, contam com seus próprios códigos de honra e ainda punem com a morte o integrante que se atreve a revelar seus bastidores.
Cabe quase de tudo no balaio das sociedades secretas: do Opus Dei, a organização religiosa que até outro dia era dirigida por um santo (são Josemaría Escrivá), ao “Clube do Fogo do Inferno” (Hell Fire Club), um grupo do século 18 dedicado à magia negra; de Hugo Chávez, presidente da Venezuela e integrante da maçonaria, a George W. Bush, duas vezes presidente dos EUA e membro da “Crânio e Ossos” (Skull and Bones).
Como tudo que é secreto faz nossa imaginação trabalhar loucamente, teorias conspiratórias são tão variadas quanto as próprias sociedades secretas. Muita gente acredita que essas organizações, sejam elas quais forem, não fazem outra coisa além de planejar o domínio do mundo. Há quem enxergue conspiração até no sobe-e-desce das bolsas ou na crise sistêmica que ameaça paralisar a economia mundial. Boa parte do que se diz é bobagem. Mas nem tudo. Há evidências claríssimas do poder que certas sociedades secretas foram capazes de exercer no passado – e continuam exercendo até hoje. Elas estão por aí, no Congresso, na igreja ou na mesquita, na direção de grandes empresas multinacionais, no submundo do crime organizado... Estão por toda parte.

Para saber mais

• Sociedades Secretas
Vários autores, Larousse, 2008.


Prazo de validade. As diferentes dimensões do tempo

O tempo é relativo para todos.

Um Segundo é muito

Dá para piscar os olhos 4 vezes e reconhecer 6 sons diferentes.

0,000002 s - Duração de um múon, uma das mais efêmeras partículas elementares da matéria.

0,000089 s - Volta de um próton no LHC.

0,001 s - Flash de câmera fotográfica .

0,005 s - Velocidade média de renovação da imagem de monitores LCD.

0,01 s - Diferença entre Michael Phelps e Milorad Cavic nos 400 m borboleta, em Pequim 2008.

0,033 s - Exibição de um frame de vídeo na tela da TV.

0,042 s - Exibição de um fotograma de filme na tela do cinema.

0,15 s - Reconhecimento de som.

0,25 s - Viagem de ida e volta de um sinal de rádio para um satélite geoestacionário.

0,25 s - Piscar de olhos.

0,35 s - Tempo de a toupeira nariz-de-estrela identificar e comer algo. Bom, o bicho é meio cego e vive no escuro, então erra bastante.

0,4 s - Arremesso de beisebol, da mão do lançador até o taco do rebatedor.

0,55 s - Pão com manteiga, da mesa ao chão.

0,63 s - Reação do motorista entre ver o sinal vermelho e frear.

0,7 s - Batida de um coração saudável.

0,75 s - Reconhecer um objeto.

0,8 s - Chute colocado, da marca do pênalti até a linha do gol.

0,9 s - Viagem da dor de um chute no saco até o cérebro.

Uma vida é pouco

Até a do mexilhão, que dura 4 séculos, é uma partícula perto dos intervalos cósmicos.

71,9 anos - Expectativa de vida do brasileiro. A pessoa que viveu mais tempo foi uma velhinha francesa que chegou aos 122.

144 anos - Construção do Templo da Sagrada Família, em Barcelona, iniciado em 1882. Gaudí dizia: “Meu cliente não tem pressa”.

405 anos - Um mexilhão foi o animal mais velho já registrado. Pra ter sua idade medida, ele precisou ser morto.

639 anos - Uma nota por ano, a peça musical Tão Lenta Quanto Possível começou em 2001 e vai até 2640.

2 132 anos - Império Chinês, da dinastia Qin (221 a.C.) até a dinastia Qing (1911).

2 150 anos - Duração de uma era astrológica.

2 510 anos - Democracia, ainda a menos ruim das formas de governo.

4 200 anos - As pedras de Stonehenge estão de pé desde 2 200 a.C.

5 500 anos - Escrita.

6 008 anos - Idade da Terra segundo interpretação da Bíblia feita pelo bispo irlandês James Ussher (1581–1656).

7 000 anos - Da domesticação do gado até a tolerância à lactose.

7 500 anos - Produção de vinho na Geórgia.

9 700 anos - Da agricultura à Revolução Industrial.

10 013 anos - Idade de Raul Seixas quando morreu, segundo o próprio.

3 bilhões de anos - Possível choque da Via Láctea com a galáxia de Andrômeda.

5 bilhões de anos - Tempo de o Sol virar uma gigante vermelha, engolindo a Terra no processo.

25 bilhões de anos - Ano galáctico.

100 bilhões de anos - Fim do Universo – se ele for um sistema fechado.

O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry


        O narrador recorda-se do seu primeiro desenho de criança, tentativa frustrada de os adultos entenderem o mundo infantil ou o mundo das pessoas de alma pura. Ele havia desenhado um elefante engolido por uma jibóia, porém os adultos só diziam que era um chapéu.
    Quando cresceu, testava o grau de lucidez das pessoas, mostrando-lhes o desenho e todas respondiam a mesma coisa. Por causa disto, viveu sem amigos com os quais pudesse realmente conversar. Pelas decepções com os desenhos, escolhera a profissão de Piloto e, em certo dia, houve uma pane em seu avião, vindo a cair no Deserto de Saara.
    Na primeira noite, ele adormeceu sobre a areia. Ao despertar do dia, uma voz estranha o acordou, pedindo para que ele desenhasse um carneiro. Era um pedacinho de gente, um rapazinho de cabelos dourados, o Pequeno Príncipe. O narrador mostrou-lhe o seu desenho. O Pequeno Príncipe disse-lhe que não queria um elefante engolido por uma jibóia e sim um carneiro.
    Ele teve dificuldades para desenhá-lo, pois fora desencorajado de desenhar quando era pequeno. Depois de várias tentativas, teve a idéia de desenhá-lo dentro de uma caixa. Para surpresa do narrador, o Pequeno aceitou o desenho. Foi deste modo que o narrador travou conhecimentos com o Pequeno Príncipe. Ele contou-lhe que viera de um planeta, do qual o narrador imaginou ser o asteróide B612, visto pelo telescópio uma única vez, em 1909, por um astrônomo turco. O pequeno Planeta era do tamanho de uma casa. O Pequeno Príncipe contou o drama que ele vivia, em seu Planeta, com o baobá, árvore que cresce muito; por este motivo, ele precisava de um carneiro para comer os baobás enquanto eram pequenos.
    Através do Pequeno Príncipe, o narrador aprendeu a dar valor às pequenas coisas do dia-a-dia; admirar o pôr-do-sol, apreciar a beleza de uma flor, contemplar as estrelas... Ele acreditava que o pequeno havia viajado, segurando nas penas dos pássaros selvagens, que emigravam. O Príncipe conta-lhe as suas aventuras em vários outros planetas: o primeiro era habitado por apenas um rei; o segundo, por um vaidoso; o terceiro, por um bêbado; o quarto, por um homem de negócios; o quinto, um acendedor de lampião; no sexto, um velho geógrafo que escrevia livros enormes, e, por último, ele visitou o nosso Planeta Terra, onde encontrou uma serpente, que lhe prometeu mandá-lo de volta ao seu planeta, através de uma picada. No oitavo dia da pane, o narrador havia bebido o último gole de água e, por este motivo, caminharam até que encontraram um poço. Este poço era perto do local onde o Pequeno Príncipe teria que voltar ao seu planeta. A partida dele seria no dia seguinte. Falou-lhe, também, que a serpente havia combinado com ele de aparecer na hora exata para picá-lo. O narrador ficou triste, ao saber disto, porque tomara afeição ao Pequeno.
        O Príncipe lhe disse para que não sofresse, quando constatasse que o corpo dele estivesse inerte, afirmando que devemos saber olhar além das simples aparências. Não havia outra forma de ele viajar, pois o seu corpo, no estado em que se encontrava, era muito pesado. Precisava da picada para que se tornasse mais leve. Chegado o momento do encontro com a serpente, o Pequeno Príncipe não gritou. Aceitou corajosamente o seu destino. Tombou como uma árvore tomba. E assim, voltou para o seu planeta, enfim. O narrador, dias mais tarde, conseguiu se salvar, sentindo-se consolado porque sabia que o Pequeno Príncipe havia voltado para o planeta dele, pois ao raiar do dia seguinte à picada, o corpo do Pequeno não estava mais no local. Hoje, ao olhar as estrelas, o narrador sorri, lembrando-se do seu grande Pequeno amigo.

Obs.:O Pequeno Príncipe, embora pareça um livro escrito para crianças, é uma obra urgentíssima para adultos. Suas palavras possuem conotações mais profundas, que não poderão ser notadas em uma simples leitura. Esta obra pode ser considerada como Fábula, ou se preferir, Parábola.

O Leviatã (Hobbes, Thomas)

Os primeiros capítulos expõem uma teoria do conhecimento fazendo uma abordagem analítica do desenvolvimento da consciência desde as primeiras sensações até a formulação do conhecimento (ciências), passando pela definição de signo e linguagem. Ao mesmo tempo, a primeira parte versa tanto da virtude e da moral quanto das leis naturais.  O final da primeira parte versa também sobre a "teoria da vontade", com o estudo dos interesses (paixões) úteis ou não ao homem em sua vida. Hobbes, nessa parte, vê a filosofia do ponto de vista da eficiência, ligada a sua utilidade pragmática.

A segunda parte é uma defesa da oposição às paixões humanas. Elas, as paixões humanas, não estão dispostas a obedecer as leis morais (eqüidade, justiça, gratidão, e conexões). Para tanto, Hobbes defende que por isso as convenções são necessárias para a convivência da humanidade e sua sobrevivência. Por ser a República a reguladora das convenções, e também co-criadora, é ela fiadora da segurança humana. Uma vez freado o desejo de poder nos corações dos homens por intermédio das convenções, o ato político e jurídico, cria-se um pacto social cuja a humanidade irá obedecer por conter nele parte do interesse coletivo. A escolha de um soberano para a república é manifestação desse pacto, pois ele será o responsável por manter os diversos pactos em detrimento ao interesse coletivo ou a vontade geral.

A Terceira parte versa sobre a noção de República Cristã, contrapondo a realeza natural de Deus com o poder do soberano emanado e dependente dos pactos sociais. Depois de extrair a "natureza do homem" na primeira parte, definindo suas essencialidades; Hobbes prossegue seu discurso apoiando-se na "palavra natural de Deus". Para isso, analisa expressões como "vida eterna", "inferno", "salvação", "mundo futuro", "redenção"; e assim, busca provar argumentativamente a existência de uma República que extrapola a "sociedade civil". Ao mesmo tempo, busca delimitar o poder eclesiástico, os representantes da palavra de Deus, enunciando os "Direitos do reino de Deus".

O reino das trevas é uma crítica a interpretação usual das Sagradas escrituras, onde denuncia uma "vã filosofia" e "tradições fabulosas. Essa crítica é a quarta parte que encerra a obra.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

REDES SOCIAIS E COMUNIDADES VIRTUAIS


INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA/SED/SEA N° 001/2004

INSTRUÇÃO NORMATIVA CONJUNTA/SED/SEA N° 001/2004










AS REDES SÓCIO-VIRTUAIS ORKUT E TWITTER
Os elementos apontados como constituintes das redes sociais off line também compõem as redes sociais on line. São as redes sociais virtuais, que aqui nos interessa, especialmente o orkut e o twitter. Porque o objetivo do estudo é considerado uma rede deste gênero. Na realidade, as redes off line podem ficar mais interligadas a partir da sua extensão ao mundo virtual, que facilita ainda mais o contato entre os membros, o ingresso de outros e sua divulgação, ou seja, as possibilidades de conexões entre os participantes são ampliadas.
Uma rede social pode interligar tanto pessoas, quanto entidades. Nas redes sociais on line, os tamanhos são variados e normalmente crescentes, podendo ser uma rede de amigos conhecidos na vida off line, ou uma equipe profissional de um departamento ou da empresa toda, ou uma rede de bairro ou sala de aula. Pode ser uma rede internacional.
WHITAKER (on line) enfatiza também que existem características que podem diferenciar agrupamentos eletrônicos de redes sociais on-line. A primeira caracteristica diz respeito à conectividade, que só existe através do compartilhamento de interesses, valores e/ou objetivos também é imprescindível a participação dos seus integrantes. Diz que “o alicerce da rede é a vontade de seus integrantes”. Pontua ainda a multiliderança e horizontalidade, já que não existe hierarquia entre os participantes.
Para ele, outras caracteristicas compõem uma rede: a circulação não linear da informação, na medida em que é emitida de diversos pontos. A rede não tem centro, sendo estruturada a partir da descentralização e capilarização. Importante ainda ressaltar a realimentação, porque o retorno da informação possibilita e alimenta a rede, a troca. Desenhada estas caracteristicas, configura-se um dinamismo e uma plasticidade e seu movimento ultrpassa fronteiras físicas ou geográficas.
Uma catalogação existente no site Wikipedia, envolvendo 128 redes sociais on-line, aponta que dezessete delas são voltadas para adolescentes, jovens, escolas, colégios. Isso significa pensar que existem redes específicas voltadas para os interesses juvenis. Abaixo das redes gerais, essa tipologia é a que aparece em maior número. Podemos dizer que esta faixa etária procura muito a conexão on-line.
No orkut, esta faixa etária é a grande maioria, segundo pesquisa do IBOPE. Conforme dados levantados, o usuário utiliza pouco seu e-mail e acessa mais o orkut, mais procurado pelos adolescentes na faixa entre 12 e 17 anos. Mesmo não sendo 'permitido' o cadastro de menores de 18 anos. Atualmente, outra rede social vem ganhando força. É o microblog Twitter, que está aos poucos conquistando o segmento juvenil. Desse modo, as redes sociais virtuais compõem um fenômeno no mundo virtual, porque em menos de 5 anos não tínhamos a efervescência dessas redes.


COMUNIDADES


Uma rede social on-line envolve nós/pessoas que se relacionam, ou seja, a conexão entre sujeitos, baseada na troca, na horizontalidade, com regularidade e interesses comuns. Será que tal condição e características conferem a uma rede social o patamar de comunidade virtual? Neste sentido, é possível dizer que o Orkut é uma comunidade virtual?
A noção de comunidade nos remete aos primórdios da humanidade, haja vista que o homem sempre procurou agregar-se a outros da sua espécie, para suprir as diversas necessidades de sobrevivência. Na verdade, o conceito de comunidade perpassa diferentes áreas. Da Geografia à Sociologia. Abrange, então, muitos significados. Ideias de localização no mesmo espaço geográfico, de pertencimento, ou significar um grupo social; são alguns deles. RECUERO (2002) aponta que o termo comunidade evoluiu com o passar do tempo, de um sentido quase ideal de família, comunidade rural, para significar um maior conjunto de grupos humanos.
BAUMAN (2003) diz que muitas palavras guardam sensações. Na introdução do livro Comunidade: a busca por segurança na sociedade atual, afirma que uma dessas palavras é 'comunidade'. Segundo o autor, essa palavra carrega significados prazerosos, principalmente porque representa aconchego, “é como um teto sob o qual nos abrigamos da chuva pesada. Numa comunidade, todos nos entendemos bem, podemos confiar no que ouvimos, estamos seguros a maior parte do tempo” (p, 7-8). Ma o autor continua, dizendo que esta “comunidade” é o tipo de mundo que não está ao alcance da modernidade líquida. Porque a sensação de aconchego está ligada à segurança.
Contudo, instala-se uma contradição, porque hoje, o que almeja-se é a liberdade. O individualismo. A liquidez, o fluido perpassando as relações. Todavia, o sujeito ainda busca esta segurança. Que inclusive o Estado enquanto instituição deixou de garantir. Então, nesse mundo inseguro, fluido, violento, comunidade passa a ser a conotação de abrigo, de algo seguro e passa a significar também o lugar de “isolamento, separação, muros protetores e portões vigiados” (2003, 3, 103), que BAUMAN chama de quase guetos voluntários. Enquanto a classe média busca estes semi-guetos, a classe trabalhadora é isolada em seus guetos periféricos.
Pontuada a contribuição de BAUMAN, é relevante resgatar dessa sua obra o pensamento de que a sensação de comunidade está ligada à ideia de aconchego e segurança, de estar entre amigos. Recuperar está análise elucida uma significação simbólica explorada pelo Orkut e Twitter: ter amigos e estar entre eles.
A partir da expansão do uso das redes telemáticas e da emergência do ciberespaço, outras formas de socialização estão sendo instituídas, como as comunidades virtuais, os blogs, microblogs, os chats, que implica a relação de seus participantes para além da localização geográfica. Na verdade, depois do mundo virtual, o termo lugar tornou-se descolado da espacialidade física.


CONHECENDO O ORKUT

O orkut é uma comunidade virtual afiliada ao Google, criada em 22 de janeiro de 2004 e, tem como objetivo ajudar seus membros/ usuários a criar novas amizades, manter relacionamentos e acessar comunidades em busca de novas informações e troca de experiências conforme o assunto de sua preferência .(OLIVEIRA, 2007)
De acordo com a autora, o nome dado a esta comunidade virtual,, “ORKUT”, é originado no projetista chefe, Orkut Büyukkokten, engenheiro do Google. Tais sistemas, como esse adotado pelo projetista, também são chamados de rede social. O objetivo principal do orkut é promover uma maior socialização entre as pessoas, contribuindo par a troca de informações e conhecimentos.

Oliveira (2007) salienta que c
ada usuário do orkut tem uma conta e um perfil. No perfil estão algumas característica pessoais, como descrições físicas, listas de livros e músicas, um texto de apresentação, etc. Além disso, cada usuário pode colocar como seus “amigos” outros usuários. Neste aspecto, o orkut é um grande banco de dados sobre quem é amigo de quem, ou seja, sobre a rede de amizades.
Também existem no orkut comunidades, as quais são formadas por grupos de pessoas que dispõem de uma página exclusiva da comunidade para iniciar tópicos de discussão. Muitas pessoas apenas entram nas comunidades porque acham o nome ou a proposta atrativa, ou ainda porque a comunidade representa um aspecto de sua personalidade.







TWITTER E SEUS USOS


O mais recente exemplo da demanda total por conexão e de uma nova sintaxe social é o Twitter, o novo serviço de troca de mensagens pela internet. Criado em 2006, decolou no ano passado e já tem 6 milhões de usuários no mundo. O Twitter pode ser entendido como uma mistura de blog e celular. As mensagens são de 140 toques, como os torpedos dos celulares, mas circulam pela internet como os textos de blogs. Em vez de seguir para apenas uma pessoa, como no celular ou no MSN, a mensagem do Twitter vai para todos os “seguidores” – gente que acompanha o emissor. Podem ser 30, 300 ou 409 mil seguidores, como tem Barack Obama. Essa estrutura de troca de mensagens é nova, mas não é o principal. (MARTINS, Ivan; LEAL, Renata, 2009)
Segundo os autores, a grande novidade do Twitter é o ritmo. Por algum motivo inexplicável, as pessoas não param de trocar mensagens. O site do Twitter tem uma pergunta básica – “O que você está fazendo?” – e todo mundo responde, várias vezes ao dia: contam que estão almoçando, dizem que o ônibus quebrou, avisam ter visto uma celebridade. Como é possível postar do celular, os twitteiros não descansam na narração do trivial. É um fluxo contínuo de minudências que os americanos chamam de “intimidade ambiental”.
MARTINS, Ivan; LEAL, Renata (2009) nos dizem que a comunicação é rápida e contínua, uma pequena e organizada gritaria digital. Visto de fora parece histérico, mas para os envolvidos soa natural. E é um sucesso. O Twitter cresce de forma explosiva. Segundo dados da consultoria americana Compete, especializada em estatísticas para a internet, o número de usuários saltou de 600 mil para 6 milhões em um ano. É a rede social que mais cresce nos Estados Unidos, por várias razões
TRÍPOLI (2009) argumenta que o grande trunfo do Twitter é, aparentemente, esse: como em um verdadeiro Big Brother, os usuários matam sua curiosidade ao acompanhar a vida alheia.












































quarta-feira, 23 de setembro de 2009

LEITURA: UM HÁBITO A SE CONSTRUIR

NOME DO ACADÊMICO

 PROJETO DE PESQUISA - UM OLHAR INICIAL

 

1 TEMA

Despertando o prazer e o interesse pela leitura nos Primeiros Anos da Educação Básica

2 PROBLEMA

Como despertar nas crianças que freqüentam os Primeiros Anos da Educação Básica o interesse pela leitura?

3 JUSTIFICATIVA

Este projeto de pesquisa pretende refletir sobre o desinteresse pela leitura por parte dos alunos que iniciam sua caminhada educativa nos Primeiros Anos da Educação Básica.
Percebe-se, no meio escolar, o sentimento de frustração por parte dos professores ao constatarem que seus alunos apresentam dificuldades em compreender os diferentes portadores de textos com os quais se defrontam ao mesmo tempo em que demonstram desinteresse pela leitura.
Nesse sentido, o ensino da escrita e da leitura, sendo esta última desenvolvida como um hábito prazeroso, precisa vir acompanhada do compromisso de ajudar a construir uma escola cidadã, ou seja, uma escola mais politizada, humana, alegre e comprometida com os interesses de toda a comunidade escolar.
Desse modo, ao ensinar a ler e promover o hábito da leitura é necessário usar estratégias que busquem a construção e reconstrução dos significados e levar os alunos a fazer leitura do mundo que os cerca, observando, antecipando e interpretando de forma a caminharem rumo ao conhecimento e, ao mesmo tempo, despertando nesses futuros leitores as condições de expor seus pontos de vista, seus sentimentos, sua maneira particular de ver e entender o mundo.
Vale ressaltar, ainda, que para que essa proposta se efetive, o professor deve ser um bom leitor e estar sempre atualizado, cabendo a ele proporcionar aos alunos um convívio estimulante com a leitura, bem como possibilitar que esta cumpra o seu papel, que é o de ampliar, pela leitura da palavra, a leitura do mundo.

4 HIPOTESES

  • A leitura nos Primeiros Anos da Educação Básica é necessidade real se a concepção sobre a mesma não se reduzir à decodificação da escrita, pois tem várias etapas.
  • A leitura nos Primeiros Anos da Educação Básica é necessidade real para introduzir as crianças no mundo da escrita.


  • A leitura nos Primeiros Anos da Educação Básica é necessária se for considerada treinamento para possibilitar ao aluno o processo de repensar o mundo em que vive.

5.1 OBJETIVO GERAL


Verificar as concepções e metodologias utilizadas no ensino da leitura para promover o hábito da mesma nos Primeiros Anos da Educação Básica.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


  • Entender como ocorre o processo de leitura e escrita nos Primeiros Anos da Educação Básica


  • Conhecer as concepções e métodos que embasam a prática dos professores no ensino da leitura;



  • Favorecer um contato amigável com os diversos portadores de textos, despertando a curiosidade e desenvolvendo o gosto e o hábito da leitura nos alunos que freqüentam os Primeiros Anos da Educação Básica.

6 METODOLOGIA

A pesquisa será de cunho bibliográfico, uma vez que o principal objetivo da mesma é buscar compreender as principais contribuições teóricas existentes sobre o tema em questão, ou seja, é buscar nas diversas literaturas já produzidas, subsídios para analisar os instrumentos de avaliação que estão sendo utilizados nas séries iniciais.
Horn (2001, p. 10), sobre a pesquisa bibliográfica, destaca que o investigador deverá “[...] levantar o conhecimento disponível na área, identificando as teorias produzidas, analisando e avaliando sua contribuição para auxiliar a compreender ou explicar o problema: objeto da investigação”.

7 CRONOGRAMA





ETAPAS





JUNHO/2008
JULHO/2008
AGOSTO/2008
SETEMBRO2008
OUTUBRO/2008
ELABORAÇÃO DO PROJETO
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REVISAO DA LITERATURA
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COLETA DOS DADOS


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ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS




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ENTREGA DO PROJETO






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ENTREGA DA MONOGRAFIA OU ARTIGO








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BEM-VINDOS!


VIDA E SAÚDE

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